Lençóis molhados, mas não de prazer

DEPRESSÃO E OUTROS TRANSTORNOS PODEM ESTAR NA BASE DA ENURESE NOTURNA EM ADULTOS

De acordo com o especialista, urinar na cama na idade adulta pode estar associado à depressão, ansiedade e outras questões relacionadas com a saúde mental.

O controlo adequado da bexiga durante o sono é esperado na fase adulta, uma vez que o sistema urinário geralmente se desenvolve e amadurece durante a infância. No entanto, existem casos em que a enurese noturna persiste até à idade adulta.

Popularmente conhecida como “xixi na cama”, a enurese pode causar momentos de constrangimento às pessoas que sofrem desta condição e, em alguns casos, também aos seus familiares, conforme relata Madalena (nome fictício).

“Eu costumava dormir com o meu primo e a irmã dele. Na altura, ele tinha 15 anos e frequentemente urinava na cama durante a noite. Só parou de urinar na cama aos 18 anos. Quando isso acontecia, acordava muito cedo, empurrava alguém do lugar onde urinou, trocava de roupa e voltava a dormir noutro lugar”, disse.

“As pessoas normalmente abusavam dele por ser crescido e ainda urinar na cama.  Quando o viam diziam: mais velho faz xixi na cama, mas ele não falava nada sobre o assunto.

Raramente ia para casa de outras pessoas para passar a noite. Quando chegou aos 18 anos,   já dormia sozinho e aí começou a diminuir a frequência com que urinava na cama, até parar de vez”, acrescentou.

Em entrevista ao Ponto de Situação, o psicólogo clínico António Mabi Girão definiu a enurese como a perda involuntária de urina durante o sono, sem que a pessoa se aperceba.

“De acordo com os critérios de diagnóstico, considera-se enurese quando ocorre pelo menos duas vezes por semana, durante um período mínimo de três meses”, afirmou.

A ingestão excessiva de líquidos, a depressão, a ansiedade e o estresse correspondem a algumas das causas da enurese noturna na idade adulta, segundo o especialista.

Mabi afirma que a enurese noturna tem cura e que a primeira medida a ser tomada para a sua resolução é consultar um urologista para identificar a causa da perda involuntária de urina, bem como procurar um diagnóstico psicológico.

“O psicólogo vai lidar com problemas relacionados a ansiedade, depressão e outras questões psicológicas que possam estar na base do problema e posteriormente prestar apoio diante das possíveis consequências a nível psicológico. Como por exemplo,  a baixa autoestima causa pela vergonha”, esclareceu o profissional.

Girão destacou que o acompanhamento psicológico não é obrigatório em todos os casos, sendo necessário apenas para aqueles que preencham os critérios de diagnóstico.

“Temos os critérios de diagnóstico que definem a enurese como a manifestação da perda urinária pelo menos duas vezes por semana, durante um período mínimo de três meses. Os casos que não cumprem esse critério temporal são considerados leves e podem ser causados simplesmente por desconforto ou pela ingestão excessiva de líquidos”, realçou Girão.

De acordo com o especialista, os adultos que sofrem de enurese noturna tendem a apresentar comportamentos diferentes em público, dependendo da situação e da sua experiência pessoal. Algumas pessoas podem desenvolver ansiedade ou medo em situações sociais que envolvam dormir fora de casa.

especialista menciona que pessoas com problemas familiares, depressão e stresse estão predispostas à enurese, embora isso não seja aplicável de forma generalizada. Destaca ainda que a enurese afeta tanto homens como mulheres, não havendo um perfil de género mais propenso a esta condição.

“Nos homens, problemas da próstata podem causar a perda involuntária de urina durante o sono, enquanto que, nas mulheres, questões menstruais podem influenciar. Quando nos deparamos com estes casos, não podemos afirmar categoricamente que o indivíduo sofre de enurese, uma vez que a causa pode ser passageira. É importante realçar que, quando a perda involuntária é temporária, não estamos perante um problema de enurese”, sublinhou.

Girão recomenda que aqueles que sofrem de enurese ganhem coragem e consultem um urologista para realizar o diagnóstico, a fim de determinar até que ponto o problema está relacionado com uma causa específica, e, em alguns casos, procurem um psicólogo para identificar aspetos emocionais, como a ansiedade e/ou o complexo de culpa.

O psicólogo aconselha ainda,  que quem tenha este problema recorra a profissionais de saúde, tanto física como mental.

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Redacção Ponto de Situação

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