CHEGA AO FIM O TEMPO DE ELON MUSK NA ADMINISTRAÇÃO TRUMP

O bilionário da tecnologia Elon Musk, a quem foi concedido o estatuto especial de funcionário público para liderar o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), anunciou que o seu tempo na administração Trump chegou ao fim.

Durante o seu tempo ao comando do DOGE, Musk supervisionou grandes cortes na mão de obra federal como parte dos esforços do governo Trump para reduzir os gastos.

“À medida que meu tempo programado como funcionário público especial chega ao fim, gostaria de agradecer ao presidente Donald Trump pela oportunidade de reduzir os gastos desnecessários”, disse Musk num post na X, a plataforma digital de que é proprietário.

“A missão do DOGE só se fortalecerá com o tempo, à medida que se tornar um modo de vida em todo o governo”, falou o bilionário.

Segundo fontes, o DOGE deverá dar continuidade ao seu trabalho, mesmo com o recuo de Musk, com funcionários que permanecerão no departamento, incorporados em agências federais por meses ou anos vindouros.

Musk, que estava limitado a trabalhar 130 dias como funcionário especial do governo, vai agora dar início ao processo de desvinculação, que passa essencialmente por tratar de papelada, disse uma fonte da Casa Branca, indicando que o processo começou logo na noite de quarta-feira, 28.

Nas últimas semanas, Musk tinha começado a afastar-se do seu trabalho governamental a tempo inteiro para se focar nas suas empresas, incluindo a SpaceX e a Tesla, que têm atravessado dificuldades, em parte como resultado da aliança de Musk com a administração Trump.

A publicação de Musk surge depois de ter manifestado preocupações quanto ao pacote de cortes fiscais e despesa do presidente Donald Trump, dizendo numa entrevista que acredita que isso vai levar a um aumento do défice orçamental dos EUA e minar os esforços do DOGE.

“Fiquei desiludido com a enorme lei das despesas, que aumenta o défice orçamental e prejudica o trabalho que a equipa do DOGE está a fazer”, afirmou na entrevista. “Penso que uma lei pode ser grande ou bonita, mas não sei se pode ser as duas coisas”.

O “grande e belo projeto de lei” do presidente inclui biliões de dólares em reduções de impostos e um grande impulso orçamental para as Forças Armadas dos EUA e para as despesas com a segurança nacional, em grande parte pago por revisões dos programas federais de saúde e nutrição e cortes nos programas de energia.

O Gabinete de Orçamento do Congresso, que é apartidário, estima que o projecto de lei iria acumular mais 3,35 biliões de euros para o défice.

Na quarta-feira, Trump ignorou os comentários de Musk de que o projecto de lei não continha cortes suficientes, dizendo que esperava mais alterações à legislação à medida que esta fosse aprovada no Senado.

O presidente também disse que não está satisfeito com todas as partes do projecto de lei e que haverá negociações sobre ele.

O líder da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, também sinalizou que o partido está “ansioso e pronto” para formalizar cortes na despesa com base no que foi apurado pelo DOGE assim que a equipa de Trump apresentar o seu pedido oficial ao Congresso.

Sob a liderança de Musk nos primeiros quatro meses da administração Trump, o DOGE provocou uma reviravolta no governo federal.

Pelo menos 121 mil trabalhadores federais foram despedidos ou visados para despedimento nos primeiros 100 dias de Trump na Casa Branca, e milhares de outros aceitaram rescisões amigáveis. Subsídios e programas federais foram cortados e, em algumas instâncias, restabelecidos após contestação judicial.

A CNN também noticiou na quarta-feira que Katie Miller, conselheira chefe e porta-voz do DOGE, abandonou o cargo e está agora a trabalhar com Musk, de acordo com três fontes familiarizadas com o processo.

Miller não respondeu aos pedidos de comentário enviados para o seu email da Casa Branca, que parece ainda estar a funcionar. Um outro porta-voz da Casa Branca não respondeu aos pedidos de comentário a esta notícia.

Perante o seu afastamento da administração Trump, Musk anunciou na semana passada que planeia gastar “muito menos” dinheiro em política no futuro, mas ainda não é claro se os comentários assinalam qualquer tipo de mudança na sua promessa de investir 88 milhões de euros em grupos políticos controlados pelo presidente Trump.

Anteriormente, Musk gastou mais de 255 milhões de euros para ajudar a eleger Trump e os candidatos do Partido Republicano ao Congresso em novembro. Os grupos ligados a Musk também gastaram mais de 17 milhões de euros numa corrida ao Supremo Tribunal do Wisconsin no início deste ano, que o seu candidato preferido acabou por perder.