
O quotidiano dos estudantes do período pós-laboral
DOCENTES REGISTAM SALAS VAZIAS POR CONTA DOS ASSALTOS
- por Redacção --
- Wednesday, 12 Mar, 2025
Os professores de diversas instituições de ensino em Luanda, classificam como lastimável o dia-a-dia dos estudantes do período nocturno, por causa dos assaltos constantes, o que tem levado a abstenção de alunos nas escolas.
Por: Angelino Katchama
Em vários bairros de Luanda, nota-se, um número reduzido de estudantes nas salas de aulas, concretamente no período pós-laboral, tudo por conta dos assaltos frequentes.
O jovem de 23 anos, que frequentou o Curso de Ciências Económicas e Jurídicas, no período de 2018 a 2021, numa das instituições de ensino em Viana, distrito da Estalagem, bairro Cometa, disse que "não é fácil estudar de noite."
O discente aponta a falta de gerador, assaltos, ausências de estudantes e professores em tempo chuvoso, como um dos principais obstáculos.
Entretanto, a docente Mariquinha Azevedo, que trabalha há vários anos, no Colégio do Ensino Primário do Iº Ciclo Cle-Celestial, referiu que várias são as dificuldades registadas por parte de alunos, que frequentam as aulas de noite, como a falta de energia eléctrica, que leva a paralisação das aulas e causa atraso no processo de ensino e aprendizagem.
Este cenário, disse ser visível em muitos bairros da província de Luanda, aliada ao mau estado das vias de acesso, que dificulta na mobilidade, o que em certas situações, sentem obrigadas a terminar as aulas mais cedo.
Os estudantes do período nocturno, entram as 18h00 na sala de aula e saem geralmente as 22h00, porém, alguns por razões de residirem distante da escola, perdem quase sempre as primeiras aulas, as vezes, abandonam a turma, para chegar em casa cedo, perdendo assim, o penúltima aula e a última, situação que condiciona o sistema de aprendizagem, ou seja, o aproveitamento escolar.
A docente do Ensino Primário, no município dos Mulenvos, Laurinda Wakalamo afirmou que os estudantes que frequentam as aulas de noite, enfrentam vários riscos até de morte, e muitos saem de bairros distantes, como Farmácia Madeira, Calemba-2, Miro, Chimuco e outros.
Deste grupo, segundo a profissional que usa o giz como um dos instrumentos de trabalho, maioritariamente são adolescentes.
Aquela profissional, fez menção que alguns jovens estudam de noite, não por desejo, mas, porque no período diurno, as vagas são limitadas e para não perderem o ano lectivo, optam em estudar no horário pós-laboral, uma fase que considera de arriscada e difícil para os que saem de bairros longínquos.
RELAÇÃO ENTRE PROFESSORES E ALUNOS
Wakalamo apontou a relação entre professores e alunos, como saudável, por tratar-se de adolescentes que já fazem a utilização de estupefacientes, um mal que causa transtornos no processo de ensino.
A professora disse que" não podemos mentir, é a nossa realidade, alguns alunos chegam bêbados na escola".
Segundo a profissional, a relação entre os pais e professores no geral não tem sido saudável, porque existem encarregados de educação, que não sabem onde o filho estuda, e nem têm noção do rendimento escolar do educando.
Há anos no sector da educação, esclarece que os pais exercem um papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, daí a razão de se manter o diálogo permanente.
Não obstante a existência de pais com preocupação com a formação dos filhos, lamenta atitudes de muitos que nem sabem o caminho da escola do seu educando.
Na ocasião, a professora Wakalamo, apelou o reforço a segurança nas escolas e em alguns perímetros das instituições, com intuito de se reduzir os assaltos e trazer à tranquilidade no seio dos estudantes, que frequentam as aulas no período noturno, uns por razões de trabalho e outros por insuficiência de vagas durante o dia.
Redacção Ponto de Situação