A época natalícia tem sido comemorada com grande entusiasmo ao longo dos anos, com fartura à mesa, música, convívios, etc. Uma realidade que tem vindo a mudar com a precariedade registada nos últimos anos, em Angola.
Por: Maiomona Paxe
Numa época em que se comemora o nascimento de Cristo, para os cristãos, os angolanos sempre foram acostumados, desde o mandato do ex-presidente da República, José Eduardo dos Santos, que Deus o tenha, com gastos acentuados e com poder financeiro para atender as necessidades e até caprichos das festividades.
Longe disto, as famílias actualmente se vêem obrigadas a abdicar da celebração e vivê-la como se de qualquer época se tratasse, sem fartura e nem mesa.
Numa ronda nos principais mercados de Luanda, se regista um aumento nos preços dos produtos da cesta básica, bem como de segunda necessidade. O bacalhau, por exemplo, que é típico na quadra natalina, no valor de 32.000 kwanzas; o perú á 36.000 Akz.
No mercado do Catintón, no distrito urbano da Maianga, uma quantidade de seis (6) bananas-pão, no valor de 2.500 kwanzas, um aumento considerável, se comparado à outros tempos.
O preço do saco de arroz, de 25 quilos, varia de localidade, rondando na casa dos 28.500kz. O mesmo acontece na caixa de coxa de frango, comercializado no limite dos 22.000kz. Os refrigerantes das principais marcas, no valor de quase 9.000kz, obrigando as famílias optarem por outras marcas com preços baixos, entre 2.800kz à 3.000 kwanzas.
No Hoji-Ya-Henda, município do Cazenga, as vestimentas para o natal e a passagem de ano, dispararam de tal forma que, com 50.000 kwanzas, para adultos, principalmente do género masculino, não se consegue comprar mais de dez peças com alguma qualidade.
Os mais pequenos não foram poupados; estes têm sido a principal dor de cabeça das mães, que se encontram de mãos atadas, sem saber o que levar para casa: comida ou roupa.
Com o salário mínimo a rondar na casa dos 35.000kz, muitas famílias se vejam sem poder para tal e sem opções, não por preferência, mas por falta de dinheiro. Por outra, nesta fase, ao contrário dos velhos tempos, muitos se restringem à não acolher familiares, de modo a contornar a situação e evitar gastos, uma realidade atípica do povo angolano que, por característica é acolhedor e hospitaleiro. “ Cada um em sua casa", declarou um entrevistado escolhido aleatoriamente, num dos mercados da cidade capital.
"As celebrações de natal se reverteram desde o mandato do actual Presidente, João Lourenço" disse António Figueira, de 43 anos, que enfatiza estar tudo mais caro.
Os vários interlocutores escolhidos aleatoriamente, concordam que a falta de poder financeiro se regista em todo ano civil, não somente nesta época, pese embora, reconheçam que nesta altura os produtos tendem a subir por conta da demanda.